chuva
- Lola
- 28 de mar. de 2016
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Gosto da chuva. Do barulho das gotas no asfalto. Do barulho dos pneus em rachas salpicantes ao passar pela rua. Gosto de ouvi-la lá fora desde o dentro de casa. A desordem húmida da cidade banhada em água sentida desde minha mesa. O gotejar da chuva ao cair desde o telhado do prédio na varanda embaixo. É todo junto uma alegria infantil, uma ilusão momentânea de útero, um lar.
E quando para um pouco e diminui devagar o ritmo do cair das gotas, é um tic e tac cristalino sobre os charcos. E se, ainda mais, a temperatura desce, e o trópico se disfarça de outono até me fazer fechar janelas e me vestir de manga larga, então é ainda mais alegria, é como voltar para casa, é ver as poças no jardim da minha avó desde o galinheiro e inventar jogos para passar a tarde enquanto o telhado deixava cair a cortina de agua gotejando, gotejando. Ou o movimento nas ruas que se escurecem, na cidade longe, o passar das pessoas correndo, a proteção dos bares, seus miradores, os semáforos, as luzes que se apagam sob a agua. Outras chuvas. Tem alegrias que nada seriam sem a memória.
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