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disfarces

  • Lola
  • 28 de mar. de 2016
  • 1 min de leitura

Saul Leiter

A cortina é levemente levantada pela brisa. Pelo espaço aberto da janela entra o barulho do Carnaval longe e o calor afora. Estão em mim, dentro, também, os telhados ao outro lado do mar carregando o peso da neve e da história, das ausências. E fotografias alegres de bailes e comparsas nestes dias, sorrisos de alegria e paisagens verdes impregnadas de sal e sol e azul e companhia. Está a experiência nova do teatro, a incerteza, a dúvida, o encolhimento, o eu não posso, e de repente a força, uma espécie de fúria que ronca para sair, respirar forte, tenta-lo, ir até o fundo, ser outra.

Cruzar a ponte. Sou também a que chora. Antes de ontem, por exemplo, fui o choro a borbotões, um jorro de soluços e sufocos, a aflição pela neve, os montes brancos, a agua congelada do rio, a casa entrevista, o tempo, a perda irreparável. Depois fui a que viaja. Era a estrada, o mar e o sol, os amigos, a palavra. A alegria. E às vezes, no buraco escuro da noite, sobre o travesseiro, sou o medo, a porta do abismo, o túnel escuro. Esqueço a minha idade, mas o tempo está mais breve e me ameaça. É Carnaval afora, se escutam os apitos de motos, vozes, sirenes, a cidade inteira em movimento indo como uma enchente em direção ao desfile.

 
 
 

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