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- Lola
- 29 de mar. de 2016
- 1 min de leitura

Estudo outro idioma, escrevo outros textos, mando cartas, mensagens, músicas, vozes, fotografias, recebo músicas, vozes, cartas, fotografias…. Mudo de fuso horário. Leio horóscopo. Jogo tarot. Sorrio quando o leio, o escuto. Faço disciplinadamente academia, e dieta. Pratico outro idioma no carro enquanto dirijo. Escrevo poemas. Traduzo os poemas. Procuro palavras. Espero.
Meu corpo é um radar atento a qualquer sinal, ao silêncio. Meu corpo vira recipiente. Faz coisas, representa que lhe interessa o conteúdo dos dias, as ações cotidianas, mas o tema, o centro do pensamento é outro, está andando e vivendo seus dias lá, no outro lado do mundo. Como se eu agora tivesse, escondido no meu corpo, invisível a qualquer ultrassonografia, um órgão que ninguém vê mas que bate, lateja o tempo todo – e eu o escuto – enquanto fora transcorre o dia normalmente. Eu faço de conta que não existe o pulsar, represento o papel previsto, recheio o tempo enquanto espero que chegue o protagonista e comece a gravação do filme.
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