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o jardim de lena

  • Lola
  • 27 de nov. de 2016
  • 1 min de leitura

Há pratos na mesa com restos finais de espaguete e molho de tomate, vinho. Há os pés delas morenos de sol e as rugas no canto dos olhos que sorriem cheios de tempo. Há as sardas no decote e a mecha de cabelo que cai sobre os olhos teimosa. E a brisa quase vento que agita os coqueiros por cima da cabeça das duas mulheres que conversam.

No rio do que se fala passa: a dor de ainda, a que já foi, a que pode vir, as dúvidas, a incerteza, a alegria da pequena luz nas fendas do que oprime, a observação atenta do que se meche quase imperceptível nos gestos, a contemplação dos percursos, o que falta, o que chegou, as lembranças que brilham, as que doem, a vontade do intenso, a consciência do tempo, a urgência, as mãos do homem, a barba do homem, o desejo, o riso, o esmalte de unhas, o vestido, a perna de Lena que se balança.

Foi de repente que Lola virou a cabeça à esquerda e viu a iguana na grama do jardim.

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