notas para última hora do domingo

dezembro é mês esquizofrênico.

não há jeito de evitar. tento.

na tv de 2016, Tubarão de 1975, de Spielberg. espanto que faz rir.

assisto apenas à última cena de um filme em que todos em uma família são surdos. exceto uma menina que quer ser cantora. choro.

me alegra que os domingos não sejam eternos.

os medos são muito adultos e velhos e ranzinzas dentro de gente.

coragem pressupõe medo. já é um consolo.

ainda bem que comprei uma lata de coca cola.

o que meu olho vê numa imagem é só do meu olhar.

faço esforço pra não pensar em trabalho. nem em insônia.

que homens explodem crianças. que aturdidas já nem choram.

meu choro é de gente grande

minha alegria é espreiteira

pula em cima de mim. vejo.

sei que está quente. sinto frio.

e saudade de meu filho. muita.

ontem, neste mesmo horário, escreveria outra coisa. por exemplo:

enlouquecer é bom.

não poder exatamente o que se quer quando se quer, também é bom. dá sentido de valor ao quando e chance de reaprender algo próprio da criança: saber estar. exuberante e explícita.

#notas #domingo